quinta-feira, 17 de setembro de 2015

VESTINDO A CAMISA

Quatro Letras - Flavia Camargo​ vestiu a camisa Do Luto à Luta: Apoio à Perda Gestacional​. 

Quem também quiser apoiar a causa encontra a camisa nesse site:

https://www.touts.com.br/arts/do-luto-a-luta

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

ENTREVISTA TEMOS QUE FALAR SOBRE ISSO

O livro Quatro Letras foi divulgado nas paginas Do Luto à Luta: Apoio à Perda Gestacional e Neonatal​ e Temos que Falar Sobre Isso​, na entrevista que pode ser lida no link abaixo:

https://temosquefalarsobreisso.wordpress.com/2015/09/14/entrevista-com-a-flavia-camargo/

BREVE APRESENTAÇÃO PESSOAL E PROFISSIONAL:
Flavia Camargo, 32 anos, trabalha como advogada, mas também é escritora nas horas livres. Estuda Logosofia há dez anos e se interessa por tudo o que diz respeito ao aperfeiçoamento do ser humano.
1) FALE UM POUCO SOBRE O LIVRO “QUATRO LETRAS”, DO SEU SURGIMENTO E DA ESCOLHA DO TÍTULO.
O livro “Quatro Letras” surgiu como resultado da minha vontade de falar sobre a experiência que vivi quando meu filho morreu alguns dias depois do parto. Ao passar por esse acontecimento, percebi que não era fácil encontrar estímulos para continuar sendo tão feliz quanto eu era antes. Tive que fazer um grande esforço nesse sentido e achei que seria bom compartilhar as reflexões que me ajudaram, pois talvez elas sirvam para confortar outros pais. A escolha do título foi devido ao fato do nome do meu filho ter quatro letras. Decidi fazer um livro no qual todos os capítulos fossem palavras de quatro letras. Assim, os capítulos do livro são: Igor, Laço, Vida, Amor, Luta, Tudo, Cura, Deus, Riso e Belo. Fiz questão de usar palavras com significados alegres, pois minha intenção é demonstrar como é possível construir um olhar positivo sobre algo tão doloroso.

2) QUAL O SEU PROPÓSITO MAIOR COM A PUBLICAÇÃO DO LIVRO?
Na verdade tenho dois grandes propósitos: homenagear essa pessoa que foi e continua sendo tão importante para mim, bem como levar uma mensagem de amor aos corações de todos que tomarem contato com minhas palavras.

3) COMO VOCÊ PERCEBE QUE A SOCIEDADE LIDA COM ESTE TIPO DE PERDA?
Tive a enorme surpresa de constatar que a maioria das pessoas não sabe lidar com essa situação. Salvo exceções, em geral notei que parentes e amigos acreditaram que a melhor forma de me dar consolo era defendendo argumentos com o objetivo de diminuir o meu vínculo com o meu filho, como se isso fosse diminuir a dor pelo rompimento desse vínculo.

4) VOCÊ AVALIA QUE O NÃO RECONHECIMENTO E AUTORIZAÇÃO PARA ESTE TIPO DE LUTO ATRAPALHA SUA ELABORAÇÃO? DE QUE FORMA?
Penso que essa atitude trouxe ainda mais obstáculos para a minha recuperação emocional porque eu já tinha a minha própria ferida para cuidar. E quando alguém se aproximava dizendo que foi melhor meu filho ter morrido antes que eu tivesse mais tempo para me apegar a ele, ou dizendo que logo eu teria outro filho para me preencher, surgia uma dor adicional para ser somada àquela que eu já estava sentindo, pois essas colocações me machucavam, na medida em que meu filho estava sendo tratado como uma pessoa inferior às outras só porque sua vida tinha sido mais breve. Entretanto, isso não passa de um engano, um tabu, pois basta você passar pela situação para descobrir que o vínculo da mãe com o filho não depende do tempo, mas da capacidade que cada um tem de valorizar aquela nova vida que está gerando, e que já é especial desde o momento em que começa a gravidez.

5) O QUE NA SUA OPINIÃO PRECISA SER FEITO PARA QUE AS FAMÍLIAS TENHAM O SEU LUTO AUTORIZADO E RECONHECIDO? EXISTEM ESPAÇOS E MANEIRAS DE AUTORIZAR ESTE TIPO DE LUTO?
A medida mais eficaz é a conscientização da sociedade. Se todos entendessem que o sofrimento das famílias que perdem seus fetos ou bebês não é diferente do sofrimento das famílias que perdem membros com idades mais avançadas, grande parte do problema estaria resolvida. Enquanto isso não acontece, os grupos de apoio são muito benéficos, pois cumprem a função de oferecer aos pais e às mães um acolhimento e uma sensação de serem compreendidos, tão necessários para seguir em frente. Portanto, um dos principais trabalhos que esses grupos devem realizar é o de promover essa consciência coletiva.

6) COMO VOCÊ VÊ A IMPORTÂNCIA DO COMPANHEIRO PARA AJUDAR NO PROCESSO DE ELABORAÇÃO DA PERDA DO FILHO?
A ajuda do companheiro é essencial para a mulher, pois o fato de ter carregado o filho dentro dela pode fazer com que o tempo necessário para a recuperação seja maior do que o tempo que o homem precisa para isso. Então, como esses tempos podem não ser iguais, o marido ou namorado deve ter paciência e disposição para conversar muitas vezes, pois uma mulher que se sente respeitada tem mais força para lutar e se reerguer.

7) O QUE VOCÊ DIRIA AOS PAIS QUE ACABARAM DE VIVENCIAR A PERDA GESTACIONAL OU NEONATAL?
Digo para eles que existe luz no fim do túnel. Redirecionem o sentimento que transborda de suas almas para o próprio interno. Aprender a amar a si mesmo como se amava o filho que partiu é um caminho viável para quem deseja ser feliz novamente. A alegria que um filho nos proporciona ao nos dar a oportunidade de criar uma nova vida pode ser reencontrada ao nos tornarmos nossos próprios criadores. A morte de um filho nos leva a reformular conceitos, refazer a identidade e, enfim, a nos reinventarmos. O carinho empregado na construção desse nosso novo “eu” tem o potencial de gerar uma felicidade incomparável, quando percebemos que nosso filho nos transformou em uma pessoa melhor.