quarta-feira, 25 de outubro de 2017

RPL (REVISTA PORTUGUESA SOBRE O LUTO) EDIÇÃO 5

Participei da 5a edição da RPL - Revista Portuguesa Sobre o Luto, da querida Clarisse Queirós - Socióloga / Conselheira do Luto, que teve como tema "O medo de uma nova gestação depois da perda". Obrigada por mais uma oportunidade de falar!

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domingo, 15 de outubro de 2017

DIA INTERNACIONAL DA SENSIBILIZAÇÃO PARA A PERDA GESTACIONAL E NEONATAL

15 de outubro - Dia Internacional da Sensibilização para a Perda Gestacional e Neonatal.
Um filho ensina que AMAR transcende tempo e espaço. Coração que conheceu esse sentimento pulsará eternamente por ele. 
Mãe é um estado irreversível!
Meu agradecimento especial à querida BiaPOF por colocar todo seu carinho nessa imagem.


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terça-feira, 3 de outubro de 2017

1000 DIAS

Estou aqui, pensando em nós dois,
como tantas outras vezes já pensei.
E não me importa o que virá depois,
se neste momento eu permanecerei.

Momento que abrange o passado,
vive no presente e segue pro futuro.
Tesouro que eu mantenho guardado
no lugar mais protegido e seguro.

Momento feliz que você me deu
e que ninguém poderá me tomar.
Refúgio que meu coração conheceu
e do qual não quer mais se afastar.

Seja lá o que o amanhã me reserva,
um momento sei que posso garantir:
a doçura que a recordação conserva
das horas que você me fez sorrir.

Flavia Camargo

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quarta-feira, 6 de setembro de 2017

EXTRAORDINÁRIO LABOR MATERNO

Quando engravidei, fiquei emocionada com o fato de saber que tinha em minhas mãos a fantástica oportunidade de criar um ser humano. A sensação era tão sublime, que resolvi mergulhar nela, para entender do que se tratava aquela deliciosa plenitude. E, enquanto ia investigando cada detalhe do meu mundo interno, fui percebendo que o motivo pelo qual estava me sentindo tão feliz era porque, ao ser mãe, sentia-me um pouco Deus. Educar uma criança, depositando nela os conceitos e valores que considero mais adequados, para permitir que ela cresça como uma pessoa de bem, é, sem dúvida, uma preciosa chance de me tornar uma grande artista. Que emoção pode superar a que uma mãe (ou um pai) experimenta, quando vê o resultado de um trabalho realizado ao longo de muitos anos, convertido num filho do qual ela se honra de ter ajudado a formar?

No instante em que identifiquei que a alegria que um filho nos proporciona é proveniente da satisfação de darmos vida a alguém, que desfrutará de um futuro melhor, graças à nossa dedicação, dei-me conta de que o Igor não era o meu único filho. Ele se foi, mas não levou embora todas as possibilidades que tenho de continuar exercendo esse extraordinário labor materno. Antes de ele nascer, eu já era mãe e continuo sendo. Sempre serei minha própria mãe, na medida em que a Flavia de amanhã é filha da Flavia que sou hoje, do mesmo modo que a Flavia de hoje é filha da Flavia que fui ontem.

Durante a nossa existência, somos uma sucessão de seres, cada um criando o próximo, que herdará os frutos do que temos feito em seu favor. É tão bom amar uma pessoa, desejar a sua felicidade com tanta força, a ponto de fazermos os maiores sacrifícios por ela, procurando garantir que nossos cuidados lhe auxiliem a desenvolver muitas virtudes... Então, por que não fazer isso por si mesmo? Não é verdade que, para nossos filhos poderem aprender essas qualidades que queremos que adquiram, precisamos primeiro possuí-las, para poder ter condições de lhes ensinar? Então, a obra-prima que estamos querendo esculpir começa dentro de nós.

Antes de ficar grávida, eu já exercia a maternidade, através da minha própria criação. Isso é algo que levo muito a sério, pois me empenho para analisar os episódios que vivo, com o objetivo de extrair deles uma lição que me faça evoluir. Desde que comecei a realizar essa tarefa de forma consciente, alguns anos atrás, passei a colher incontáveis momentos de ventura. Após reunir uma colheita bastante farta, desejei engravidar, para oferecer ao Igor os conhecimentos com os quais ele poderia fazer a mesma coisa, se quisesse. Mas a morte interrompeu os planos, levando-o por outro caminho. Agora, só me resta não permitir que a ausência dele atrapalhe a continuidade da nossa evolução.

Permaneço pensando nos ensinamentos que quero lhe dar. Não deixo passar em branco um minuto sequer, que seja propício para compartilhar com ele as novas descobertas que tenho feito. Se por acaso o meu querido filho que partiu não estiver recebendo os recadinhos que lhe envio mentalmente, não tem problema. Meu esforço jamais será em vão, porque pelo menos a filha que ficou aqui está ganhando muito com isso.

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segunda-feira, 28 de agosto de 2017

A BELEZA QUE O CORAÇÃO VIU


O tempo passa sem nos pedir licença,
levando o que foi e trazendo o que será...
Existe no mundo alguma força que o vença?
E guarde aquilo que o tempo não levará?
O amor tem esse poder de conservação.
Cria vínculos que não podem ser rompidos.
Quando duas almas alcançam a comunhão,
nada desmancha os laços construídos.
E assim passarão os dias, meses e anos,
enquanto o sentimento continua a renascer.
Não importa quantos séculos ou oceanos
as impeçam de se encontrar e de se ver.
Sementes viram plantas, rochas viram areia.
Mas não se apaga a beleza que o coração viu.
Sua lembrança é a felicidade que me rodeia,
que entrou na minha vida e nunca mais saiu.

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quarta-feira, 2 de agosto de 2017

FELICIDADE QUE JUSTIFICA A EXISTÊNCIA


Cada vez que amanhece, os passarinhos,
sob o brilho do sol, saem de seus ninhos,
à procura de alimento, calor e inspiração
para cantar e voar, explorando a imensidão.
Os rios descem as montanhas, rumo ao mar.
As árvores anseiam pela luz, para respirar.
Tudo na natureza busca aquilo que é seu fim.
Por isso, pensar em você é tão vital pra mim.
Não sou diferente de nenhum outro ser.
Se te levo sempre comigo, é para atender
a mais bela, essencial e doce exigência:
sentir a felicidade que justifica a existência.
Sua presença em minha alma me enriquece.
Você é a graça que meu coração não esquece.
Eu caminhar pelo mundo, sem esse amor,
seria como uma abelha viver longe da flor.

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domingo, 23 de julho de 2017

RENASCER (CURITIBA)

Quem leu o meu livro sabe que "gratidão" e "sabedoria" têm uma grande importância! Foram as duas palavras que escolhi para decorar o quarto do Igor e guiariam a educação que eu pretendia dar a ele. Muita emoção experimentei quando encontrei estas mesmas palavras inspirando o grupo Renascer - Apoio à Perda Gestacional e Neonatal, criado por cinco mulheres que também perderam seus bebês em Curitiba, após lerem o Quatro Letras - Flavia Camargo e outras obras semelhantes. Só o amor para preencher de forma tão doce as nossas vidas!!!

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terça-feira, 18 de julho de 2017

RPL (REVISTA PORTUGUESA SOBRE O LUTO) - EDIÇÃO 4

Participei novamente da 4a edição da RPL - Revista Portuguesa Sobre o Luto, da querida Clarisse Queirós - Socióloga / Conselheira do Luto, que teve como tema "A Dor no Luto". Grata por essa oportunidade!

https://view.joomag.com/rpl-revista-portuguesa-sobre-o-luto-4/0701626001498927113
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sexta-feira, 7 de julho de 2017

30 MESES

Você não me deixou alternativa,
a não ser ver o coração transbordar.
E agora, enquanto eu estiver viva,
carregarei a vontade de te abraçar.
Sempre penso no que posso fazer
para a distância não me impedir
de aproveitar o privilégio que é ver
seus olhos fazerem o sol se abrir!
É um desafio você longe de mim,
mas em pensamento estamos unidos.
Você não me toca e mesmo assim
me ilumina em todos os sentidos.
Gosto dessa emoção que me envolve,
seja lá a dificuldade que houver.
Com sua lembrança tudo se dissolve.
Só quero te amar como eu puder.
Flavia Camargo

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quarta-feira, 5 de julho de 2017

A MÁGICA DE SER MÃE

Querido filho,
Quanto mais o tempo passa, percebo a singularidade do sentimento materno na minha vida. Como mãe, experimento emoções que jamais conheceria de outra forma. A sua existência abriu para mim um caminho encantador, que não canso de percorrer e só desperta a vontade de continuar nele.
No dia que você nasceu, espantei-me comigo mesma, pela reação que tive com a sua chegada, e que expressava a manifestação de uma nova pessoa na qual eu havia me transformado. A necessidade de te levar imediatamente para a UTI, assim que você saiu do meu ventre, fez com que seu pai me deixasse para poder te acompanhar. Naquele mesmo instante em que os médicos tinham que correr para te ajudar, eu também precisei ser submetida a cuidados especiais, para ser salva.
Foi o momento em que mais estive em perigo e, portanto, seria a hora em que mais importante se configurava a presença de uma pessoa querida ao meu lado para me fornecer amparo. Entretanto, a mágica de ser mãe se revelou no exato segundo em que ver seu pai se despedir de mim representou a melhor mensagem que ele poderia ter dado ao meu coração.
Antes de ter um filho, nunca imaginei que ficar sozinha, no estado mais grave de saúde pelo qual já passei, e ver alguém tão próximo escolher estar com outra pessoa do que comigo, seria o motivo do meu maior alívio, conforto e felicidade.
Mas isso foi só o começo de toda uma mudança que você trouxe para o meu mundo. Aprender a renunciar, em nome do bem alheio, sentindo verdadeiramente que esse bem passa a ser próprio quando se concretiza no proveito de quem amamos, é um presente que eu sou grata por ter ganhado e que agora posso multiplicar, aplicando-o em cada episódio no qual as circunstâncias me pedem.
A maternidade me enriqueceu e você é o meu grande professor!
Com carinho e gratidão eternos da sua mãe,
Flavia Camargo.

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sábado, 24 de junho de 2017

LANÇAMENTO DO LIVRO "ELE SE FOI, E AGORA?"

Lançamento do livro Ele se foi, e agora? da Patricia Bellas. "Fique com as boas lembranças do que viveram juntos, mesmo antes de seu nascimento. A principal tarefa pode ter sido mudar a sua vida. Você jamais será a mesma. E, em sua memória, pode evoluir". Parabéns pela mensagem propagada nesta obra cheia de amor! Que ela se espalhe e floresça em muitos corações.

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domingo, 11 de junho de 2017

DANIELLE CAMPOS - MAMÃE DO BENJAMIN

Hoje é o dia do primeiro aniversário do Benjamin!
E sua mãe Danielle Campos me enviou uma linda cartinha que escreveu para ele, a qual compartilho com todos.


Querido filho!

“Faz um ano que você nasceu, foi um dia bastante delicado, porque nós dois passamos por momentos difíceis. Com a ajuda da médica, ambos conseguimos escapar, mas pouco tempo depois você não resistiu às condições adversas do nascimento. Meu organismo demorou para eliminar integralmente as causas que me debilitaram, enquanto seu organismo encontrou mais dificuldade para vencer a luta.” (Trecho do livro: Quatro Letras/ Flavia Camargo)

Benjamin, hoje você completa um ano, provavelmente seria a festa mais linda das nossas vidas, assim como foi o casamento do seu papai e da sua mamãe, antes de você nascer eu e seu pai já havíamos decidido sobre a decoração da sua festa de 1 ano, seria tudo com tema do Corinthians, time do coração do seu pai João Luiz e as sua avó Olivia e que depois da sua existência, filho, seria o time do coração da mamãe também. Graças a você, filho, a mamãe teve a oportunidade de conhecer muitas mamães como eu que também perderam seus filhos, em especial a tia Flavia Camargo, mãe do Igor. A tia Flavia me inspirou a escrever para você todos em meses, pois eu nunca esqueci você, meu bebê, foram 365 dias pensando em você todos os momentos, milhares de lágrimas derramadas, lágrimas de saudade e lágrimas de felicidade por ser sua mãe. Como o significado do seu nome diz: Benjamin, filho da felicidade. “Meu Benjamin és a felicidade que coloriu os meus dias”. Você é e sempre será nosso bebê, primeiro neto dos seus avós paternos e maternos, sempre terá um lugar bem especial em nosso coração.

Meu filho, logo iremos nos encontrar, tenho certeza que você virá correndo com braços abertos em minha direção gritando: - mamãe eu te amo!
Beijos carinhosos! Te amo, meu guerreirinho!
Danielle Campos

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CAMINHANDO POR UM JARDIM

Eu não consigo mais me lembrar
de como era antes da sua chegada.
Vejo, na forma do meu coração pulsar,
que daquela pessoa não sobrou nada.
Mudei tanto, que não posso retroceder
ao meu estado de existência anterior.
E, mesmo que pudesse, não iria querer
que a minha vida perdesse esse sabor.
Nosso amor é o apoio onde me sustento.
Como renunciar a algo tão bom assim?
Quando você está no meu pensamento,
me sinto caminhando por um jardim.
Flavia Camargo

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domingo, 21 de maio de 2017

DIFERENTES FORMAS DE SER MÃE

No dia 18/05/2017 tive a grata oportunidade de participar da 4a Semana Acadêmica da Psicologia da Universidade Santa Ursula-RJ, dividindo a mesa com as palestrantes Alessandra Almeida (autora do livro As aventuras de uma criança downadinha), Marisa Marques (compartilhando sua experiência com a adoção) e Manola Vidal (professora que compartilhou seus conhecimentos acadêmicos sobre a maternação), com a mediação da professora Helena Vasconcelos. O nosso tema era "Diferentes Formas de Ser Mãe" e foi maravilhoso poder contar minha história de amor com o Igor, representando todas as mulheres que também se sentem eternamente conectadas com seus filhos dentro de seus corações!
Mãe é um estado irreversível 

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domingo, 14 de maio de 2017

AVENTURAS MATERNAS

Ganhei de presente de Dia das Mães esse ano a oportunidade de contar a minha história junto com mais outras cinco famílias na página Aventuras Maternas. A maternidade é um sentimento imortal!

http://aventurasmaternas.com.br/2017/05/12/seis-historias-inspiradoras-sobre-ser-mae/

quarta-feira, 10 de maio de 2017

NÓS SOMOS ELAS!

No mês de maio, é comum esbarrarmos com propagandas do Dia das Mães por toda parte. São anúncios nas vitrines das lojas, nas portas dos shoppings, nos outdoors das ruas, nas revistas, jornais e televisão... Ficamos cercados de vídeos e fotos de mulheres sorrindo e abraçando seus filhos. Os cenários e as idades variam, mas todos compartilham a alegria de estarem juntos. Quem nunca perdeu um filho talvez não suponha como imagens tão lindas também podem ser dolorosas. Afinal, elas mostram um momento que algumas pessoas adorariam viver, mas que nunca vai se realizar.
Quando vejo um comercial de Dia das Mães, o conteúdo que escolho enxergar nele não é o gesto praticado diante da câmera, mas o sentimento que o origina. Não importa que esteja sendo retratado um beijo, duas mãos entrelaçadas, uma cabeça recostada num colo, olhares que se cruzam com ternura, etc. Independentemente do fato exibido, a causa é sempre a mesma: o amor. E quando, ao olhar para uma propaganda, eu enxergo o que a mãe está sentindo, ao invés de enxergar o que ela está fazendo, a imagem deixa de ser “aquele momento irrealizável”. É o meu retrato também! E então eu faço parte desta data incrivelmente especial. A celebração coletiva me contempla.
Dia das Mães não é para desembrulhar pacotes. É para reverenciar o afeto que une um coração ao outro que lhe concebeu. E, portanto, não exclui ninguém. No dia em que as famílias se encontram para fazer uma homenagem às grandes almas que tiveram a bênção de gerar a vida, nós somos elas! Somos essas privilegiadas almas que conhecem o dom de amar eternamente.

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domingo, 23 de abril de 2017

ELE SE FOI, E AGORA?

Patricia Bellas tem 31 anos e, depois de vencer a suspeita de um câncer e sobreviver à Septicemia com sequela renal, ficando internada por um mês, casou-se e engravidou. Diante de tantas lutas, a gestação parecia uma bênção intocável, mas descobriu a Trombofilia e não escapou da tão temida Pré-eclâmpsia. Com 30 semanas de gravidez, o coração do seu bebê parou.

Ela diz: "os dias passavam em câmera lenta e a minha solidão parecia eterna, mas eu não podia aceitar, nem permitiria, que a partida dele fosse em vão, porque se Deus me quis aqui é porque tinha algum propósito. E se meu Bento permaneceu por tão pouco tempo, foi porque tinha algo muito importante a me ensinar e a deixar em minhas mãos. Então lutei, todos os dias, incansavelmente, contra todo pensamento ruim e toda a tristeza que habitava o meu ser e não aceitei nem por um segundo me depreciar. E foi assim que, sem terapias e medicações, olhei para a vida com toda a beleza que merece ser vista e escrevi todos os meus passos em um livro "Ele se foi, e agora?" e criei o projeto "VivaBeN" para que toda as mães e seus filhos, onde estiverem, possam estar sempre unidos através dos seus sorrisos."

Visitem a página do livro da Patricia Bellas: "Ele se foi, e agora?" E aguardem em breve notícias sobre o lançamento!




domingo, 16 de abril de 2017

FONTE DE ALEGRIA


Quando a vida me coloca dentro do mesmo ambiente onde estão presentes pessoas que possuem a bênção de estar perto de seus filhos, procuro adotar uma postura que me permita desfrutar da mesma felicidade que elas manifestam quando falam de suas experiências de maternidade e paternidade. Com frequência escuto um pai ou uma mãe falar sobre a satisfação que é testemunhar o filho realizando suas primeiras conquistas, como, por exemplo, conseguir contar até dez, amarrar os sapatos sozinho, distinguir os nomes das cores, etc. Nessas horas, percebo o perigo que constituiria se eu pensasse no quanto queria ver meu filho fazer as mesmas coisas e não posso. Se eu seguisse por esse caminho, certamente ficaria triste. Então escolho não embarcar nessa direção. Adoto outro comportamento.

Imediatamente após ouvir uma pessoa dizer como é gostoso quando seu filho lhe dá boa noite antes de dormir, em vez de pensar que o Igor não pode fazer isso comigo, eu penso nas outras coisas boas que ele pode me dar. Engana-se redondamente quem acha que só porque morreu meu filho não pode me dar mais nada. E daí que ele não fala, não me toca e não é visível aos meus olhos? O Igor não pode me dar boa noite, não pode contar até dez, nem distinguir o amarelo do azul, mas ele pode me fazer muito feliz (de maneiras pouco convencionais, porém tão verdadeiras como as outras). Afinal, ele é meu filho! E todo filho amado é uma fonte de alegria!

Sempre que uma pessoa fala na minha frente das coisas lindas que seu filho faz para ela, no mesmo instante surge na minha mente o reconhecimento de algum valor que o Igor já me deu e continua me dando. Faço questão de realizar esse esforço de reconhecer os bens que ele me proporciona, porque não quero que ele pense, onde quer que esteja, que não gosto de ser sua mãe. Quero que ele saiba que gosto de ser mãe dele, com a mesma intensidade que todas as mães gostam dos seus filhos que estão perto delas.

Enquanto os pais de filhos vivos se deleitam com crianças que procuram refúgio em seus colos, fazendo-os se sentirem heróis por terem o poder de sarar arranhões nos joelhos com beijinhos, os pais de filhos que morreram também podem se deleitar com a prática do heroísmo, de outras formas diferentes. Essa felicidade não está vedada a ninguém.

Meu filho me dá oportunidades diárias para desenvolver as maiores virtudes. Ele não me estimula a cultivar a calma fazendo birras, porque ele não é capaz de me desobedecer. Mas ele me estimula a cultivar a calma através da necessidade de esperar algumas décadas antes de poder estar com ele de novo. E para cada virtude que um filho vivo estimula em seus pais, eu encontro outra forma por meio da qual o Igor me ajuda a atingir o mesmo efeito. E além de tudo isso, como ele não está aqui para eu poder mostrar às outras pessoas o quanto meu filho é fofo, esperto e carinhoso, ele me ajuda também a ser uma mulher mais grata, mais modesta, mais segura, mais simples. A lista de benefícios é inesgotável!

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quarta-feira, 22 de março de 2017

FORÇA PARA SEGUIR

Me recuso a acreditar que o amor possa ser
a causa de qualquer tipo de sofrimento.
De uma emoção tão sublime só pode nascer
alegria, ternura e tudo que nos traz alento.

É possível que a dor também venha nos visitar,
se por acaso não possuímos a pessoa amada.
A tristeza até aparece, mas não é capaz de durar,
porque é muito maior a luz na nossa estrada.

Quem ascende no coração do outro uma chama
lhe entrega ânimo e força para seguir.
E quem recebe esse presente não reclama
de nenhum obstáculo que possa surgir.

Senti-lo em meus braços? Adoraria essa chance!
Se eu dissesse que não, estaria mentindo...
Mas te amar, mesmo sem te ter ao meu alcance,
ainda é melhor do que se você nunca tivesse vindo.

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sábado, 4 de março de 2017

REVISTA PORTUGUESA SOBRE O LUTO 2

Saiu a segunda edição da RPL (Revista Portuguesa sobre o Luto), da querida socióloga Clarisse Queirós que dessa vez foi dedicada ao tema "Solidão no Luto". Tambem tive a grata oportunidade de contribuir com um texto da minha autoria!
Para comprar o livro Quatro Letras: http://livraria.bookstart.com.br/quatroletras

sábado, 18 de fevereiro de 2017

O SEGUNDO SOL

Assim que comecei a assistir O Segundo Sol, meu coração bateu mais forte. A forma delicada e sensível como foram conduzidos os relatos das histórias reais sobre perda gestacional e neonatal torna impossível qualquer um se manter indiferente ao tema, depois de ouvir esses pais (bem como parentes, médicos, psicólogos e demais profissionais envolvidos) darem seus depoimentos, carregados de ternura pelos bebês que partiram tão cedo, deixando muita saudade.

Rafaella e Fabrício conseguiram alcançar seu objetivo, quando decidiram produzir o documentário para ajudar quem sente ou ainda vai sentir a mesma dor que eles sentiram com a morte de seu filho Miguel, que faleceu em novembro de 2014, horas antes do parto. A generosidade do casal não tem limites. Além de produzir o Segundo Sol e disponibilizá-lo gratuitamente no YouTube (https://www.youtube.com/watch?v=MfErAsoO4fE) para alcançar o maior número possível de pessoas, eles também estão sempre dispostos a dedicar seu tempo livre para cuidar de quem precisa de acolhimento.

O exemplo que Rafaella e Fabrício nos dão é belíssimo, ao ensinar que a dor pode ser transformada em empatia, união e aprendizado constante. O falecimento de um filho dentro da barriga, ou logo após sair dela, costuma produzir sempre o mesmo efeito: desamparo. Primeiro porque é o fim dos sonhos construídos ao longo da gravidez, e depois porque as vítimas deste episódio fazem uma terrível descoberta - a inabilidade social em lidar com esta situação. A grande maioria não está preparada para um evento desse tipo. Na era moderna atual, na qual o avanço da tecnologia nos faz acreditar que controlamos cada vez mais a natureza, a morte parece ter perdido seu lugar. Tornou-se um elemento estranho, que se quer esconder, acabando por criar a falsa sensação de que não existe. Aí, quando ela aparece, causa um impacto maior do que causaria, se sua possibilidade tivesse sido uma hipótese cogitada.

O documentário é imperdível, sendo difícil citar uma parte que tenha me emocionado mais, pois todas possuem elementos preciosos. Mas destaco a frase de Rafaella, quando diz que "devemos ter menos constrangimento com a dor". Ela resume o problema mais comum experimentado por todos os que perderam seus filhos prematuramente: a dificuldade de encontrar respaldo nos ambientes que frequentam para ter o seu tempo de sofrer. Recai sobre eles uma cobrança para esquecer o que aconteceu. O constrangimento com a dor alheia, ao qual Rafaella se refere no documentário, faz com que as pessoas próximas digam coisas que diminuem a importância do evento ocorrido, na ilusão de que essa desvalorização do luto o tornará mais leve. Entretanto, o que conseguem com isso é apenas tornar o caminho mais duro, devido à solidão gerada em quem percebe que não tem seus sentimentos aceitos e compreendidos.

Para que essas famílias não sofram mais em silêncio, O Segundo Sol (assim como outros movimentos similares, que estão surgindo ao redor do Brasil e de diversos outros países) veio para trazer uma voz que pretende mudar a mentalidade coletiva, através de uma proposta de reeducação e conscientização, a fim de que no futuro aqueles que venham a passar pela perda não precisem encontrar os mesmos obstáculos desnecessários que hoje atrapalham ainda mais o trabalho que já é tão complicado, de quem precisa aprender a se reconstruir depois de se despedir de um filho.

Só posso agradecer imensamente a este carinhoso casal, por nos presentear com seu admirável esforço em manter vivo o amor que Miguel despertou em suas almas e compartilhá-lo com o mundo.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

O AMOR VAI ALEM

A página Do Luto à Luta: Apoio à Perda Gestacional e Neonatal publicou minha poesia!

Por algum tempo pensei que amar
fosse a vontade de ter alguém.
Mas viver sem poder te alcançar
me ensinou que o amor vai além.


Não me preocupa tanto receber
algo em troca pelo que entrego.
Tenho muitas razões para agradecer
só pelo sentimento que carrego!


Que importa se não nos tocamos?
Esse obstáculo pode ser vencido.
Já sou feliz porque nos encontramos
e por meu coração estar preenchido.


Se um dia acreditei que era ganhando
que a minha vida valeria a pena,
agora eu sei que é me doando
que sou uma pessoa mais plena.


https://dolutoalutaapoioaperdagestacional.wordpress.com/2016/11/23/o-amor-vai-alem/ 


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