sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

DANI - MAMÃE DA LÍVIA E DO LUCCA

Tudo começou no dia 20.02.15, quando peguei o positivo! Ali minha vida mudou completamente. Foi a coisa mais linda do mundo. Uma gravidez difícil, enjoos sem fim e um amor que não parava de crescer! Descobrimos que era uma menininha, nossa Lívia! Com 23 semanas comecei a sentir dor nas costas e corri pro hospital. Minha pressão estava alta e fiquei internada. Os dias passaram e eu continuava inchada, até que me explicaram que Lívia estava com restrição de crescimento, o diagnóstico foi pre eclampsia e eu seria transferida para a cidade vizinha, pois o hospital de lá tinha uti neonatal e com certeza Lívia nasceria prematura. Fizemos a transferência. 

No dia 21.07.15 fizeram a cesárea de emergência, pois meu líquido tinha diminuído. Estava com 28 semanas. Lívia nasceu e levaram ela direto pra neonatal, tão pequena, com 31cm e 650gramas. Foram 4 dias podendo toca-la, senti-la, podendo olhar o amor da minha vida! 4 dias de um medo absurdo de sair dali sem ela! E assim foi até o médico nos dar a notícia de que ela não resistiu. O mundo acabou! Como acordar todos os dias e saber que não vou vê-la realizar todos os planos que tínhamos feito pra ela? Foi difícil. É difícil! Questionei o porquê de tudo isso. Fiquei um mês trancada tentando achar uma explicação, foi então que no dia 21.08.15 um beija flor entrou na sala de casa. Pude pega-lo, tirar foto e o soltei. Ali senti a paz que eu precisava! Pode parecer loucura, mas senti como se deixasse ela voar... meu beija flor, minha borboleta! Entendi que ela não veio acabar com a minha vida, Lívia me trouxe a vida! Tudo de lindo que tinha acontecido quando descobri que ela estava dentro de mim não poderia morrer com ela. Não queria que o mundo fosse um lugar triste porque ela morreu. Queria que o mundo fosse ainda mais bonito por ela ter existido! Ela já tinha me transformado, já tinha me ensinado muita coisa, eu era mãe dela pra sempre e o mundo precisava saber disso! 

Sempre gostei muito de escrever, pensei em fazer um blog, comecei a pesquisar histórias e cheguei até a Flavia e já mandei mensagem pra ela. Finalmente tinha achado alguém que me entendia. Li um texto que é trecho do livro Quatro Letras e me identifiquei. Comprei e quando terminei de ler a única coisa que eu pensava era: TODO SER HUMANO DEVERIA LER ESSE LIVRO. A cada dia que passava, eu aprendia mais, eu me tornava uma pessoa melhor. Tenho certeza que uma das missões de Lívia foi me apresentar pessoas tão incríveis quanto a Flavia, através dela cheguei na história da Aracelli, e através delas conheci outras mães de anjos que viraram amigas. Grata por elas compartilharem suas histórias e eu não me sentir sozinha, ou um louca por querer falar da minha filha.

No dia 20.07.16, descobri que estava grávida novamente! Uma mistura de sentimentos, felicidade e medo. Hoje, com 35 semanas de gravidez, espero ansiosa pela chegada do Lucca, que está previsto pro dia 21.02.17, dois anos depois de ler o primeiro positivo. A segunda gravidez foi TOTALMENTE diferente da primeira, até agora sem medicamento, sem pressão alta. Ser mãe é viver em um constante medo, quando a gente acha que vai passar, começa uma nova fase. Mas aprendi a viver o momento, a aceitar as coisas e agradecer por elas. Tive todos os motivos pra reclamar da vida, ser uma pessoa amarga, ou talvez até pra desistir de tudo. Mas essa não era a missão de Lívia, eu tinha que viver da melhor maneira possível pra valer a pena! Lucca é tão amado quanto Lívia. É meu bebê arco íris. Meu presente de anjo. Ele é irmão de um anjo lindo e crescerá sabendo disso, se Deus quiser! Um dia o céu será só nosso, nossos anjos e nossos arco íris. Gratidão, vida!


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sábado, 7 de janeiro de 2017

DOIS ANOS

Querido filho,
É seu segundo aniversário. Fazendo uma retrospectiva, vejo as diferentes formas como experimentei a maternidade desde o início até aqui. Nos primeiros meses, era inevitável imaginar seu tamanho, toda vez que encontrava um bebê da sua idade. Em determinado trecho do caminho isso parou de acontecer. As comparações não são mais um movimento automático da minha mente e costumo me surpreender com frequência, ao notar que passei várias horas perto de uma criança antes de perceber que ela nasceu na mesma época que você. Não acho que uma ou outra conduta seja certa ou errada, nem que alguma delas signifique mais ou menos amor. Apenas aceito minhas emoções com a paz de quem optou por permitir que sua própria natureza flua livremente.
Sempre procuro tomar cuidado para não me impor nada: nem te esquecer, nem te prender. Estou deixando nosso relacionamento andar no ritmo de seu passo. Aprendi que a melhor atitude é seguir meu coração e respeitar o tempo de todas as fases, que não tem regras e prazos, por ser algo muito singular entre as pessoas.
Você me deu essa linda oportunidade de exercer a observação sobre quem sou, como sou... e agora me conheço mais do que antes. Também me deu a valiosa chance de praticar a bondade. Preciso ser bondosa comigo mesma, pois é a única maneira de continuar em frente depois de identificar os pontos frágeis que aparecem nas horas difíceis. E ainda preciso ser bondosa com meus semelhantes, porque é meu dever não fazer com os outros aquilo que não gosto que façam comigo. Portanto, se dói quando alguém é incapaz de compreender o quanto me faz bem falar seu nome, não posso tratar com a mesma incompreensão aqueles que preferem calar sua memória. Existem motivos para agirem assim. Sejam quais forem, estão de acordo com a história de cada um.
O importante é a alegria que ser sua mãe me proporciona. Ela não está condicionada ao toque, ao som, à visão, etc. Talvez, alguns me achem louca de te escrever cartas. Para mim, loucura seria não exprimir um sentimento que enche minha vida de encantos. De você vieram os maiores presentes que já ganhei. Nenhum obstáculo vai tirar os nossos sorrisos. A gente vai ser feliz, mesmo assim longinho.
Um abraço com afeto,
Flavia Camargo.

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segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

REVISTA PORTUGUESA SOBRE O LUTO 1

A querida e brilhante socióloga Clarisse Queirós acabou de lançar a revista online RPL (Revista Portuguesa sobre o Luto) e dedicou a primeira edição ao tema tão pouco explorado da Perda Gestacional. Com muita honra, eu e várias amigas enviamos textos para contribuir e quebrar o silêncio. Espero que esta revista ajude muitas pessoas. Minha gratidão por esta grande oportunidade!